quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A verdadeira história do Restaurante Popular de BH


Diz o ditado popular que todo mundo quer ser pai de filho bonito. Não poderia ser diferente com o Restaurante Popular, uma das políticas de segurança alimentar mais famosas do Brasil, premiada internacionalmente e criada por Patrus Ananias em 1994.
 
Quem passa pelas portas do primeiro Restaurante Popular do Brasil, no Centro de Belo Horizonte, próximo à rodoviária, pode reparar em uma pequena placa negra, que afirma que o estabelecimento foi inaugurado em dezembro de 1988, quando o prefeito da cidade era Sérgio Ferrara.
 
A placa remete à inauguração do espaço, que ocorreria nos últimos dias de Ferrara como prefeito de BH. Ocorreria, mas não ocorreu, pois o restaurante não chegou a funcionar. A caldeira do que seria um restaurante para atender ao grande público estourou na noite anterior à inauguração, e nenhuma refeição chegou a ser servida.
 
O sucessor de Ferrara, Pimenta da Veiga (PSDB), cedeu o espaço à iniciativa privada, que cobrava uma refeição a preço de mercado, sem o subsídio do poder público. O negócio deixou de funcionar em apenas alguns meses.
 
As portas permaneceram fechadas até 1994, quando, depois de assumir o governo municipal, Patrus reformou o prédio e finalmente colocou a casa para servir refeições balanceadas e de alta qualidade para a população carente a apenas R$ 1.
 
A política pública teve um sucesso tão estrondoso que representantes dos governos Mário Covas (São Paulo), Anthony Garotinho (Rio de Janeiro), Olívio Dutra (Rio Grande do Sul) e o próprio Lula vieram a BH para ver como funcionava.
 
Nos anos seguintes, outras três unidades foram inauguradas em BH, na região hospitalar, Venda Nova e Barreiro. A iniciativa foi transformada em um programa federal de combate à fome e atualmente é copiado em todos os estados do Brasil, além de países como China, Indonésia, Inglaterra e Alemanha.
 
Em Belo Horizonte, o valor das refeições só aumentou durante o governo Marcio Lacerda: passou de R$ 1 para R$ 2.

4 comentários:

  1. Caro Renato,
    É inegável a importância de Patrus Ananias no resgate do programa de Restaurantes Populares. Mas, ele é bem antigo. Os primeiros restaurantes surgiram em 1940, no Governo Getúlio Vargas, que em 5 de agosto daquele ano criou o Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS). A rede funcionou por 27 anos e foi fechada pela ditadura militar em 1967, sob o argumento de que as unidades abrigavam "reuniões sindicalistas de esquerda". No seguinte, pouco depois do assassinato, pela polícia, do estudante Edson Luis do Nascimento, no Rio, no Restaurante Calabouço (da rede SAPS), foram fechadas as últimas unidades. Quando elaboramos o programa para o Rio, em 1996, conseguimos localizar antigas funcionárias do SAPS (nutricionistas e assistentes sociais) que nos deram informações preciosas sobre o programa do governo Getúlio. Era bem mais ambicioso que o ataul. Pretendia, além do acesso à alimentação boa e de baixo custo, melhorar a qualidade dos hábitos alimentares dos brasileiros. Um exemplo: come-se arroz branco demais, um alimento de baixo valor nutricional, mas que "enche o bucho", como se diz. Almocei diversas vezes em restaurantes da Rede SAPS. Eram bandejões de verdade, e não um prato colocado num bandeja. O bandejão de aço permitia servir refeições balanceadas.
    Quando estávamos montando o projeto para o Rio de Janeiro fomos a Belo Horizonte conhecer de perto o Restaurante Popular de BH e conversar com os técnicos. Aproveitamos algumas ideias, adaptando-as à realidade do Rio. Trabalhamos num contexto adverso, sem nenhum apoio do governo do Estado, e sendo hostilizados pela Prefeitura. Herbert de Souza, o Betinho, pela Ação da Cidadania Contra a Fome (eu era um dos coordenadores no Rio), conseguiu local (indicado pela equipe do Projeto) e buscava financiamento externo para criar a primeira unidade. Apesar da hostilidade dos governos conservadores do Rio, estávamos dispostos a assumir o projeto. Mas, com a consciência de que se tratava de uma proposta de política pública, a ser executada pelo Poder Público.
    Sobre a experiência da Rede SAPS, ver em http://www.historia.uff.br/stricto/td/1541.pdf
    Abraço.

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    1. Nada acrescentou. A história é sobre o Restaurante popular de BH. Só isso. O lenga lenga dessa matéria do Henrique Marques Porto é de dor de cotovelo.

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  2. É tao verdade a iniciativa do Patrus Ananias em relação da bem sucedida implantação dos RESTAURANTES POPULAR, que passaram 25 anos da implantação dos mesmos e a população continua prestigiando o Deputado Ananias nas urnas, como forma de agradecimento pelo feito.

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  3. E como frequentei o RP, pois trabalhava no Carlos Prates. Me sentia incluída junto a classe menos favorecida. E sem contar que também era ponto de encontro de alguns sindicalistas da CUT. Tempo bom, saudades.

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